O Major Tom de David Bowie, sentado em sua lata. O Rocket Man de Elton John, com saudades da Terra e de sua esposa. Matt Damon em “Perdido em Marte”, deixado para trás para morrer de fome. Matthew McConaughey em “Interstellar”, chorando ao ver seus filhos envelhecerem sem ele.
Muita arte foi feita sobre a solidão infinita das viagens espaciais. E como não poderia? A solidão pode ser uma condição humana universal, mas o que poderia ser mais solitário do que ser totalmente afastado da raça humana?
E então, quando Adam Sandler, no papel do temperamental astronauta tcheco Jakub em “Spaceman”, de Johan Renck, é questionado por uma jovem durante uma transmissão para a Terra se ele está sozinho, ele responde com banalidades, mas seus olhos traem a verdade. Sim, ele está sozinho. Muito solitário.
Em determinado momento da carreira de Sandler, a ideia do ator em traje espacial como um astronauta ansioso rumo aos arredores de Júpiter só poderia ter sinalizado comédia. Mas já vimos um ótimo trabalho de Sandler em papéis dramáticos para saber do que ele é capaz quando as estrelas estão alinhadas, e ele tem uma atuação extremamente empática aqui.
Se há uma falha em “Spaceman”, apesar de sua promessa tentadora, não é a falta de peso na atuação, mas, estranhamente, a falta de peso na história. Adaptado do romance “Spaceman of Bohemia”, de Jaroslav Kalfar, pinta um mundo que deveria ser fascinante, mas que muitas vezes é reduzido a sequências de sonhos sedutoras, mas, em última análise, frustrantes. Eles são adoráveis, mas gostaríamos de saber mais sobre Jakub e seu passado na Terra, sem mencionar seu relacionamento com a esposa Lenka (a sempre maravilhosa Carey Mulligan), além de vê-la correr por campos amarelos de flores.