Após notícias recentes apontando que a Intel receberia bilhões de financiamento governamental e tratamento especial de “enclave seguro” sob a Lei CHIPS destinada a todas as empresas de semicondutores dos EUA, o Pentágono decidiu retirar os US$ 2,5 bilhões planejados e espera que o Departamento de Comércio arque com a conta, conforme relata a Bloomberg.
Inicialmente, a Intel deveria receber US$ 1 bilhão dos US$ 3,5 bilhões do Departamento de Comércio, com o restante vindo do Pentágono. O déficit de 2,5 bilhões de dólares poderia ser compensado com outros fundos da Lei CHIPS sob a orientação do Departamento de Comércio. Essa decisão não afeta somente a Intel, mas também pode impactar outras empresas. Tudo irá depender de como esse valor será redistribuído entre os demais beneficiários da Lei CHIPS.
Uma análise do The American Prospect evidencia as falhas na visão e gestão da proposta de “enclave seguro” da Intel, com um investimento de US$ 3,5 bilhões. Um consultor sênior e professor pesquisador da Universidade de Georgetown afirmou ao Prospect: “Minha primeira reação é destacar que isso representa quase 10% de todo o fundo da Lei CHIPS. E, ao fazer isso, estará inevitavelmente excluindo outras oportunidades”.
Considerando que o principal objetivo da Lei CHIPS é revitalizar a produção e operações de semicondutores americanas, direcionar uma parcela tão significativa dessa verba para a líder de mercado atual pode ser visto como uma abordagem questionável. Pior ainda, relatórios indicam que a Intel está exigindo mais do que os US$ 10 bilhões que já deverá receber através da Lei CHIPS. As demandas totais de todas as empresas abarcadas pela Lei CHIPS já ultrapassaram os US$ 70 bilhões em subsídios e apoios combinados solicitados, aproximadamente o dobro do montante de financiamento disponível.
Com a Guerra dos Chips em curso, o governo dos Estados Unidos precisará ter cautela na administração da produção doméstica de chips e semicondutores. Até o momento, a instalação do “enclave seguro” da Intel parece ser um dos primeiros grandes cortes nos avanços dos EUA, embora sua eliminação possa beneficiar todos os demais beneficiários da Lei CHIPS.