A ideia é recarregar as baterias adotando “mini-hábitos”. (Foto: Marcos Paulo Prado para Unsplash)
TRABALHO MALDICIONADO! é uma seção onde Olivier Schmouker responde às suas perguntas mais interessantes [et les plus pertinentes] sobre o mundo empresarial moderno… e, claro, as suas deficiências. Marcação para ler o terças feiras e a Quintas-feiras. você quer participar? Envie-nos sua pergunta para [email protected]
P. – “Não vai bem no trabalho, onde mesmo assim dou tudo de mim porque gosto da minha missão. Estou o tempo todo cansado, de mau humor, impaciente. Eu sofro com isso e certamente outros também. Como podemos mudar isso?” – Lily-Rose
R. – Querida Lily-Rose, você me diz que gosta do seu trabalho, concluo que o problema não vem daí. Você não me conta nada em particular sobre os vínculos que tem com seu chefe e seus colegas (muitas vezes acontece, infelizmente, que um “pequeno chefe” é suficiente para arruinar a vida de um funcionário), deduzo disso que o o problema também não vem daí. O fato é que você está, digamos, cansado o tempo todo, e que isso tem repercussões na sua atitude no trabalho. Então parece que se trata de um problema energético, baterias fracas que precisam ser recarregadas.
Francesca Giulia Mereu é uma coach que trabalha principalmente na IMD Business School, em Lausanne, Suíça. Jennifer Jordan é professora de liderança e comportamento organizacional no IMD. Ambos trabalharam durante vinte e cinco anos na energia que você e eu gastamos no trabalho e, em particular, nas melhores maneiras de gerenciá-la diariamente.
O seu trabalho mostra que muitas vezes ficamos alarmados demasiado rapidamente assim que sentimos sintomas de esgotamento, tais como uma redução da paciência face a atrasos e erros, aumento da dúvida ou mesmo uma queda na vivacidade. Sintomas que às vezes são acompanhados de deterioração do sono, resfriados repetidos ou maior necessidade de descanso nos finais de semana. “É claro que pode ser um esgotamento, mas na maioria das vezes são apenas sinais de uma queda na energia”, observam num post no blog. E esta queda resulta, em geral, do facto de os empregadores exigirem cada vez mais dos trabalhadores.”
Segundo Mereu e Jordan, a energia no trabalho não é apenas física ou mental, é multidimensional. Cada um de nós teria, na verdade, cinco baterias de energia.
– Bateria física. “Refere-se à saúde física e vitalidade. Sono, movimento e nutrição são os principais fatores que carregam esta bateria; qualquer desafio nessas áreas irá esgotá-lo rapidamente.”
– Baterias mentais. “Trata-se de clareza mental, concentração e agilidade intelectual. Carrega por meio de atividades como praticar a atenção plena ou aprender novos assuntos; ela fica exausta com constantes demandas e interrupções.”
– Bateria emocional. “Está relacionado à criatividade, inteligência emocional e autorregulação. É recarregado por atividades prazerosas, hobbies restauradores, práticas criativas ou momentos gratificantes com família e amigos; ela fica exausta pela necessidade de administrar conflitos ou relembrar eventos frustrantes ou prejudiciais.”
– Bateria espiritual. “Envolve motivação e necessidade de significado. Pode ser restaurado através de tempo passado na natureza, trabalho voluntário, práticas religiosas ou espirituais ou atividades introspectivas.
“Na nossa experiência, é a bateria que mais frequentemente é negligenciada no mundo dos negócios”, enfatizam.
– Baterias sociais. “Está relacionado às relações pessoais e profissionais. Pode ser recarregado através de atividades sociais, como o tempo passado com amigos e colegas (além das atividades tradicionais de trabalho). Ela se esgota quando não nos sentimos seguros onde moramos, quando trabalhamos em um lugar onde a apreciação é rara ou quando nos preocupamos com o bem-estar das pessoas próximas a nós”.
É claro que a fronteira entre as diferentes baterias é fluida. Por exemplo, uma queda na motivação no trabalho pode afetar tanto a bateria espiritual quanto a bateria social. Porém, pode ser prático considerá-los como distintos e avaliá-los um por um para identificar quais realmente precisam ser recarregados.
Feito esse trabalho, Mereu e Jordan recomendam o uso de “mini-hábitos”, ou uma atividade específica que possa recarregar a bateria regularmente. Por exemplo, para recarregar uma bateria física, em vez de assumir um compromisso importante como ir ao ginásio três vezes por semana (que provavelmente abandonará após duas semanas!), é melhor adoptar um “mini-hábito” como usar as escadas em vez do elevador para chegar ao escritório, ou mesmo optar pela vaga mais distante do estacionamento, só para se forçar a andar mais do que o normal.
Cabe a você, Lily-Rose, quais “mini-hábitos” você se beneficiaria ao adotar em seu dia a dia no trabalho. Multiplicar pausas de 5 minutos ao longo do dia? Meditar por 15 minutos na hora do almoço? Passar mais tempo na máquina de café para conversar sobre tudo e nada com os outros?
Aliás, o 14º Dalai Lama, Tenzin Gyatso, gosta de dizer: “Semeie um ato, você colherá um hábito; semeie um hábito, você colherá um caráter; semeie um caráter, você colherá um destino.