“Diamante de Sangue” não é apenas um filme de Leonardo DiCaprio de 2006 – infelizmente, é um fenômeno muito real. Esse termo refere-se a diamantes extraídos em zonas de guerra e vendidos para financiar conflitos armados contra governos. Esses diamantes muitas vezes são obtidos por meio de trabalho forçado e exploração.
Agora, a Apple está sendo acusada pelo Congo de usar minerais de conflito em iPhones. A República Democrática do Congo acusou a Apple de utilizar minerais exportados ilegalmente do leste do país, devastado pela guerra, desafiando as alegações do fabricante do iPhone de que verifica cuidadosamente a origem dos materiais em seus dispositivos.
Os advogados do governo da RDC enviaram uma carta ao CEO da Apple, Tim Cook, com uma série de perguntas. Na carta, os advogados da RDC, baseados na França e nos EUA, afirmam que os iPhones, computadores Mac e outros acessórios da Apple estão “contaminados pelo sangue do povo congolês”.
Um porta-voz da Apple se recusou a comentar a carta. As últimas revelações da Apple sobre o uso dos chamados minerais de conflito indicam que a empresa “não tem base razoável para concluir” que qualquer uma de suas fundições ou refinarias de estanho, tungstênio e tântalo tenha financiado direta ou indiretamente grupos armados na RDC ou em países vizinhos.
Os advogados que representam a RDC relataram ter se reunido com o Presidente Félix Tshisekedi em Kinshasa em setembro e foram contratados pelo governo para investigar a exportação ilegal dos chamados “3T” (materiais de estanho, tungstênio e tântalo) do território congolês.
Estanho, tungstênio e tântalo são essenciais para a fabricação de smartphones e o fornecimento desses minerais pela Apple tem sido alvo de escrutínio há algum tempo. A fabricante do iPhone tem colocado cada vez mais ênfase em responsabilidade ambiental e social em suas campanhas de marketing.
Uma faixa de mineração congolês ao longo das fronteiras da RDC com Uganda e Ruanda contém alguns dos maiores depósitos de coltan do mundo (um minério metálico preto e fosco do qual são extraídos os elementos nióbio e tântalo), sendo palco de confrontos entre as forças governamentais e o grupo rebelde M23. A ONU, os EUA e a UE afirmam que o M23 é apoiado pelo Ruanda.
Na carta a Cook, os advogados da RDC alegam que as declarações da Apple de que verifica as origens desses materiais “não parecem ser fundamentadas em evidências concretas e verificáveis”, argumentando que a empresa depende de fornecedores com base no Ruanda.