Quando estamos doentes, a queda de energia às vezes é tão intensa que é impossível ser produtivo. (Foto: Zohre Nemati para Unsplash)
TRABALHO MALDICIONADO! é uma seção onde Olivier Schmouker responde às suas perguntas mais interessantes [et les plus pertinentes] sobre o mundo empresarial moderno… e, claro, suas falhas. Marcação para ler o terças feiras e a Quintas-feiras. você quer participar? Envie-nos sua pergunta para [email protected]
P. – “Outro dia eu estava doente como um cachorro: febre, tremores, dores, etc. Meu cérebro estava desacelerando, mas mesmo assim fui para o escritório porque meus colegas precisavam muito de mim naquele dia. Olhando para trás, pergunto-me: teria sido melhor ter ficado em casa? Dois colegas adoeceram pouco depois e provavelmente foi por minha causa…” – William
R. – Querido William, você foi trabalhar com um problema de saúde que o impediu de ser tão produtivo como sempre. Isso tem nome, presenteísmo. E vou explicar-te porque é que isto é algo… que nunca se deve fazer.
Se isso te tranquiliza, saiba que o presenteísmo é comum. Um inquérito recente do Environics Institute indica que 51% dos funcionários canadianos ainda vão trabalhar quando estão doentes, mesmo sabendo muito bem que não serão produtivos e que correm o risco de infectar os seus colegas. E isto, por razões tão numerosas quanto variadas:
– Eles acreditam, assim como você, William, que sua presença é essencial para os colegas (46%).
– Eles não podem se dar ao luxo de ter um dia sem remuneração (43%).
– Temem ficar atrasados no trabalho (33%).
– A pressão do chefe é tanta que eles sentem que não têm condições de ficar em casa e curar em paz (18%).
– Sentem que andam em círculos em casa e preferem passar o dia no escritório, mesmo que não seja para fazer muito (13%).
Isto porque, na maioria dos casos (63%), acreditam que a sua doença não é tão incapacitante, mostra um estudo do Conference Board of Canada. No entanto, quando nos aprofundamos neste ponto, descobrimos que os sintomas são muitas vezes significativos:
– Sintomas de gripe ou febre alta (39,6%).
– Estresse intenso, ansiedade, depressão (24,5%).
– Enxaqueca, tontura, dor de cabeça (22,9%).
– Teste positivo para COVID-19 (13,5%).
Sim, você leu certo: mais de 1 em cada 10 vezes, o doente tem COVID-19, sabe disso e vai trabalhar mesmo assim! E isto, mesmo que tenha consciência de que esta doença é altamente contagiosa e que pode ser francamente fatal para colegas vulneráveis (que sofrem de diabetes, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias crónicas, etc.). Assustador, não é?
Podemos perceber claramente que o verdadeiro problema não diz respeito realmente ao doente, mas sim às consequências do seu comportamento irresponsável para os seus colegas imediatos, ou mesmo para toda a organização.
Poucas organizações estão conscientes dos danos potenciais do presenteísmo. O estudo do Conference Board of Canada mostra que a grande maioria das empresas canadianas não mede o impacto das suas políticas de ausência na assiduidade (81%) ou na produtividade e/ou rentabilidade (88%).
No entanto, esse custo é considerável. Segundo Matthieu Poirot, fundador da consultoria francesa Midori Consulting especializada em qualidade de vida no trabalho, o custo do presenteísmo para uma PME que paga um salário médio anual de 74.000 dólares a cada funcionário, a conta do presenteísmo ascende a 1.435 dólares a 1.850 dólares, anualmente, por funcionário.
A sua conclusão é clara: “Os funcionários chegam ao trabalho doentes para limitar o absentismo, mas o presenteísmo é mais caro que o absentismo”, resume. O que significa que a escolha é: é melhor ficar em casa do que ir trabalhar quando estiver doente, porque, em última análise, custa menos à organização.
Principalmente porque existe uma maneira de ser útil em casa quando você está doente, se sentir necessidade. A este respeito, os especialistas do motor de busca de empregos Even sugerem, entre outras coisas:
– Facilite as coisas para os outros. Algumas de suas tarefas diárias podem ser imperativas. Nesse caso, faça uma lista exaustiva e comunique-a ao seu chefe. Este último será responsável por distribuí-los dentro da equipe durante a sua ausência.
– Ajuste suas mensagens. Redija mensagens curtas indicando que você não consegue responder às suas mensagens (telefone, e-mails, etc.). Se possível, liste uma ou duas pessoas para contatar em caso de emergência. E não se esqueça de deletar todas as suas notificações enquanto se recupera, pois você precisa se recuperar em paz.
– Considere o teletrabalho. Se uma ou mais de suas tarefas só podem ser realizadas por você e são imperativas, por que não realizá-las remotamente? Mas neste caso, tome cuidado para não exagerar, pois isso pode esgotar você e retardar sua cura.
Aí está, Guilherme. Da próxima vez, fique em casa. É melhor para todos, começando por você mesmo.
De passagem, o comediante francês Raymond Devos disse, inexpressivo: “A gripe dura oito dias se você tratar e uma semana se não fizer nada”.