Stéphane Vial, pesquisador regular do Centro de Pesquisa do Instituto Universitário de Saúde Mental de Montreal e professor da Escola de Design da Universidade de Quebec em Montreal (Foto: cortesia)
Facilitar o acesso aos cuidados, combater o estigma ou oferecer novas ferramentas para lidar com transtornos como a ansiedade: são inúmeras as promessas de soluções digitais em saúde mental. Obstáculos também. Apesar de tudo, os empresários estão entrando nesse mercado com vontade de fazer a diferença. Visão geral de um setor emergente.
A pandemia revelou terapias por videoconferência, aplicativos de bem-estar e suporte psicológico online. “Isso levou a uma conscientização sobre a importância da saúde mental”, diz Stéphane Vial, pesquisador regular do Centro de Pesquisa do Instituto Universitário de Saúde Mental de Montreal e professor da Escola de Design da Universidade de Quebec a Montreal.
As necessidades nesta área são gritantes. Cerca de 20.000 pessoas ainda aguardam uma primeira consulta com um profissional de saúde mental em Quebec, de acordo com o Ministério de Serviços Sociais.
O titular da Cátedra Diament destaca que, em média, em Quebec, um CIUSSS ou um CISSS utiliza entre 400 e 900 sistemas de informação, desde software de folha de pagamento até aquele que gerencia a lista de espera dos pedidos. “Isso mostra o quão grande é a complexidade tecnológica”, ilustra Stéphane Vial.
Segundo Stéphane Guay, as soluções digitais em saúde mental ainda apresentam muitas vantagens. “Isso dá aos pacientes um acesso mais fácil aos modos de atendimento. Também frustra o estigma associado à consulta a um psiquiatra ou a um instituto de saúde mental”, afirma o diretor científico do Centro de Pesquisa do Instituto Universitário de Saúde Mental de Montreal.
A que também é codiretora do Axel Center, aceleradora de inteligência tecnológica em saúde mental, acredita que essas ferramentas permitem chegar a quem não tem capacidade de consultar. “Nas regiões, por exemplo, as especialidades necessárias nem sempre estão disponíveis. Pode realmente dar acesso a cuidados relevantes e eficazes.”
Essa maneira de fazer as coisas não beneficia apenas os pacientes. As partes interessadas também encontram sua conta. “Ao ter modos complementares de intervenção, os médicos podem adaptar seus métodos para atender mais pacientes e ajudá-los de maneiras diferentes.”
Existem soluções
Os quebequenses agora são mimados pela escolha. Plataformas da Web, aplicativos móveis e outras estratégias de autocuidado de saúde mental estão ao seu alcance. O co-diretor do Axel Center observa, no entanto, que a oferta em francês continua limitada.
“A implantação da Estratégia de Aceleração e Integração de Saúde Mental Digital de Quebec deve superar esse obstáculo ao longo do tempo”, diz Stéphane Guay.
No momento é difícil saber o número exato de ferramentas digitais desenvolvidas na província. Quebec apresenta apenas quatro deles em seu site.
“Existem duas plataformas web em particular, Go better my way e Find your spirit. Até o final do ano, haverá um site dedicado à Estratégia de Saúde Mental Digital que incluirá outros recursos”, acrescenta Stéphane Guay.
Desde a sua criação em 2018, o Axel Center montou meia dúzia de projetos, que vão desde um aplicativo móvel para jovens vítimas de bullying até terapia de avatar para mitigar os efeitos de alucinações auditivas em esquizofrênicos.
Os limites do digital
O co-diretor também observa que cada vez mais empresas estão surgindo neste setor. Este mercado emergente está se desenvolvendo rapidamente em todo o mundo. “Em Quebec, as empresas desenvolvem ferramentas que nem sempre são projetadas com uma boa base científica”, observa Stéphane Guay. Por isso não podemos contar apenas com a inovação dos empresários para suprir a falta de recursos.”
Pierrich Plusquellec, co-fundador da EmoScienS, também defende a “certificação ética”, que seria afixada em ferramentas cuja ética seja garantida. “Há uma questão de confiança e aceitabilidade social que ainda precisa ser trabalhada.”
“O uso da saúde digital explodiu durante a pandemia, observa por sua vez Stéphane Vial. A taxa de utilização aumentou. Antes, os números nesse sentido eram catastróficos. Considerou-se então que 46% dos aplicativos de saúde tinham menos de um usuário ativo mensal. O engajamento sustentado, em uma base regular, continua sendo um desafio.”
Embora o pessoal de saúde mental ainda não tenha sido treinado no uso de soluções digitais, a implementação também não será feita gritando tesouras.
Stéphane Guay continua otimista. “Além da Estratégia Digital, existe um terreno fértil com inteligência artificial que pode apoiar a inovação e a melhoria contínua. Outras organizações, como a MEDTECH+, criam vínculos entre empresas e pesquisadores. Todos os ingredientes estão aí para fazer um bom trabalho.”