É porque a papoula tem o incômodo hábito de sempre florescer acima da vegetação ao redor… (Foto: Lucas van Oort para Unsplash)
TRABALHO DANIFICADO! é uma seção onde Olivier Schmouker responde às suas perguntas mais difíceis [et les plus pertinentes] no mundo empresarial moderno… e, claro, nas suas falhas. Um compromisso para ler terças feiras e a Quintas-feiras. você quer participar? Envie-nos sua pergunta para [email protected]
P. – “Tenho uma boa carreira, porque acumulo sucessos. Mas agora tenho a clara impressão de que isso irrita mais os outros do que os encanta, a ponto de algumas pessoas fofocarem pelas minhas costas. Eu me pergunto se não é principalmente porque sou mulher…” – Mylene
R. — Querida Mylène, tenho uma pergunta para você: você já ouviu falar da síndrome da papoula alta (SGC)? Imagino que não, então deixe-me explicar, deve lhe interessar…
O CMS ocorre quando alguém é invejado, criticado e não amado por causa de seu sucesso, tanto na vida privada quanto no trabalho. A priori, poder-se-ia dizer que este fenómeno pode afectar qualquer pessoa, mas na verdade as mulheres parecem ser as mais afectadas. Um estudo de 2018 realizado no Canadá por Rumeet Billan, agora CEO da Women of Influence+, descobriu que 87% das trabalhadoras sentem que as suas conquistas profissionais estão prejudicadas e 81% delas dizem que já foram vítimas de hostilidade e sanções devido ao seu sucesso. Em outras palavras, destacar-se tem um preço alto quando você é mulher.
A imagem da grande papoula vem justamente daí. Essa flor é conhecida por ter o caule sempre mais alto que a vegetação ao redor, tanto que sofre com o reflexo de muitos jardineiros que é equalizar a altura das plantas: o caule é cortado, e sua linda flor vermelha cai para o chão.
Casualmente, parece que todos temos este reflexo: assim que algo sai do normal, nos ofendemos e, se pudéssemos, cortaríamos esta “flor” mais alto que as outras. O que alguns fazem no trabalho, indiretamente, através de fofocas, obstruções e sabotagens. E isso, por mil e um motivos ruins: ciúme, complexo de inferioridade, sentimento de insegurança, desprezo, etc.
O princípio é simples. Se as pessoas são normais, elas obtêm reconhecimento social. Por outro lado, se o abandonam, sofrem o reflexo do grupo que é trazer de volta ao rebanho a ovelha perdida, tanto para o seu bem como para o bem do grupo. Este é o mecanismo clássico de conformidade social.
A este respeito, um ponto merece ser sublinhado: o estudo de Rumeet Billan indica que aqueles que têm mais tendência a agir como “cão pastor” em relação às “ovelhas perdidas” são… as mulheres. Sim, são outras mulheres que, na maioria das vezes, começam a criticar e apontar colegas que, segundo elas, são “muito bem-sucedidas”.
Agora, a questão que se coloca é se existe uma maneira de lutar contra a síndrome da papoula alta. Dois caminhos merecem ser explorados nesse sentido. Uma é agir sobre o grupo e a outra sobre si mesmo.
Como vimos, o grupo tem o reflexo de rejeitar o que é diferente dele. Essa rejeição é expressa por espadas astutas ou comportamento ofensivo de alguns para com a mulher que voa de sucesso em sucesso. Daí a ideia de fazer com que o grupo mostre mais tolerância diante da diferença, seja mais benevolente uns com os outros.
Como exatamente? Por exemplo, o líder pode reforçar o sentimento de segurança psicológica da equipe, dando prioridade ao desempenho coletivo sobre o desempenho individual, fazendo de cada erro uma oportunidade de aprender, ou praticando a assertividade. Outro exemplo: o líder pode multiplicar as ocasiões informais para celebrar a singularidade de cada um, organizando um potluck onde cada um faz provar uma especialidade culinária da sua região ou do seu país, ou propondo um 5@7 temático onde cada um faz descobrir os outros. seu passatempo favorito.
Isto terá como objectivo alargar a abertura de espírito de todos, para ajudar todos a compreender que a diferença não é um perigo, mas sim uma vantagem. E, portanto, acolher melhor o sucesso quando este coroar um dos membros da equipe.
Isso não é tudo, Mylène. Também é importante trabalhar consigo mesmo para que os outros não gostem sistematicamente de você por causa de seus sucessos. Pelo menos é o que acredita Rumeet Billan: “É importante pensar na validação que procuramos constantemente, no valor que atribuímos à opinião que os outros têm de nós”, escreve ela num artigo à parte do seu estudo. Quanto a mim, não procuro mais ser parabenizado, nem mesmo ser reconhecido pelos meus pares, pois sei que isso desencadeia reflexos de rejeição. Tipo, a humildade é uma virtude que não poderia ser mais preciosa nos dias de hoje.
Então. A síndrome da papoula alta é de fato uma realidade para a maioria das mulheres que obtêm sucesso no local de trabalho. Isso resulta em travamentos nas rodas, bem como em uma pressão tão dissimulada quanto constante para caber no molde. Em suma, pode transformar a vida profissional num verdadeiro inferno. A menos, claro, que todos aprendam a conviver com o sucesso dos outros, ou seja, a não agir mais como “cortador de papoula”, mas como jardineiro benevolente.
Aliás, a escritora Germaine de Staël disse em Da Alemanha: “A inteligência se encontra na capacidade de reconhecer as semelhanças entre coisas diferentes e as diferenças entre coisas semelhantes”.
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