Com a construção de mais fábricas do que qualquer outro país do mundo, a China está a caminho de aumentar significativamente sua capacidade de produção de chips nos próximos anos. O Barclays espera que o país mais do que dobre sua capacidade nos próximos cinco a sete anos, de acordo com a Bloomberg.
Depois de examinar os planos de 48 fabricantes de chips para a China, o Barclays acredita que a República Popular poderá expandir sua capacidade de produção de chips em 60% nos próximos três anos. Embora os planos de expansão de empresas como SMIC, Hua Hong e CXMT sejam divulgados pela mídia, a grande maioria das capacidades novas e futuras tendem a não ser notadas nem mesmo pela imprensa especializada. Como resultado, o setor chinês de semicondutores está largamente subestimado.
“Os jogadores locais ainda são subestimados”, escreveram os analistas Joseph Zhou e Simon Coles em uma nota publicada quinta-feira e vista pela Bloomberg. “Existem materialmente mais fabricantes e fábricas locais de semicondutores na China do que o sugerido pelas principais fontes da indústria.”
A maior parte da nova capacidade de produção se concentrará em tecnologias de processo mais antigas, como 28nm e superiores. Embora esses nós de produção não estejam na vanguarda da inovação, são utilizados para uma ampla gama de aplicações, desde eletrodomésticos a automóveis, razão pela qual continuam a ser muito procurados e continuarão a ser.
Este próximo aumento na produção de chips usando processos legados levanta preocupações sobre o potencial excesso de oferta do mercado. Os analistas do Barclays acreditam que isso pode se tornar um problema significativo para os fabricantes de chips existentes, mas não até pelo menos 2026, quando as novas fábricas entrarem em operação e provarem que podem produzir chips de qualidade.
Além disso, o Departamento de Comércio dos EUA está acompanhando de perto as ambições da China em matéria de semicondutores, particularmente no setor da tecnologia legada. Existe a possibilidade de os EUA implementarem tarifas ou outras medidas comerciais em resposta à crescente importância da China na indústria de semicondutores.
É digno de nota que esta expansão ocorre num momento em que a China enfrenta restrições crescentes às exportações de alta tecnologia por parte dos EUA e dos seus aliados. Num esforço para combater essas limitações e avançar para a autossuficiência em tecnologia, as empresas chinesas aceleraram a aquisição de equipamentos cruciais para a produção de chips em 2023 e tornaram-se os maiores compradores de equipamentos para fabricação de wafers. Essa corrida por equipamentos se reflete em pedidos recordes recebidos por empresas como ASML e Tokyo Electron.