Tan Jian, o embaixador chinês na Holanda, abordou a escalada das tensões entre a China e os Estados Unidos sobre tecnologias avançadas de fabricação de chips em uma entrevista recente com NRC, um jornal holandês. Ele afirmou que a China poderia reagir às tentativas dos Estados Unidos de isolar o país das ferramentas avançadas de fabricação de chips, mas esperava que isso não afetasse o relacionamento da China com a União Europeia. A China está chateada porque os EUA conseguiram persuadir o governo dos Países Baixos a restringir as remessas de ferramentas avançadas de litografia ASML para a China.
“Se os americanos nos tratarem de forma hegemónica, é claro que reagiremos, mas a nossa relação com a UE não deverá ser afetada”, disse Tan Jian.
Os comentários de Tan Jian surgem na sequência dos esforços dos EUA para limitar o acesso da China a processadores avançados utilizados para aplicações de IA e HPC, bem como a tecnologia sofisticada de produção de chips, citando riscos de segurança nacional. A China vê isto como parte de uma estratégia mais ampla para conter o seu crescimento tecnológico e económico.
“Os EUA ampliaram demasiado a sua ideia de segurança, inclusive para coisas que não têm nada a ver com riscos militares”, disse o embaixador. “E pressionaram os seus aliados para que fizessem o mesmo. Os EUA acusam-nos frequentemente de ameaçar a diplomacia, mas isso é apenas ameaçador. Reconhecemos que muitos países europeus têm laços estreitos com os EUA, mas a Europa é a Europa, um actor importante na o mundo.”
No início deste mês, a ASML anunciou o cancelamento dos envios de algumas de suas máquinas para a China. A decisão seguiu-se à revogação parcial pelo governo holandês das licenças de exportação para as ferramentas de litografia ultravioleta profunda (DUV) mais avançadas da empresa, que podem ser usadas para fabricar chips em 7nm, 5nm e tecnologias de processo mais avançadas. O movimento é acredita-se que seja influenciado pela administração dos EUA.
John Kirby, porta-voz da Casa Branca, esclareceu a posição dos EUA sobre esta questão. Kirby afirmou que os EUA pretendem “diminuir o risco, e não dissociar-se” da China, concentrando-se na segurança nacional. Ele enfatizou que estas decisões relativas às licenças de exportação são concebidas para proteger os interesses dos EUA, e que empresas como a ASML fazem as suas próprias escolhas neste quadro, conforme relatado hoje em DigiTimes.
Tan Jian mencionou a necessidade de um diálogo reforçado com o governo holandês para evitar uma nova escalada da situação. Ele também destacou as crescentes dificuldades enfrentadas pelas empresas chinesas na União Europeia, citando controles, pressão política e disseminação de desinformação. Além disso, criticou a política da União Europeia em relação à China como confusa, observando a visão controversa da UE sobre a China como parceira e como rival.
“Em geral, as empresas chinesas informam-nos que se tornou mais difícil operar na União Europeia”, acrescentou o embaixador na entrevista ao NRC. “Enfrentaram mais controlos, pressão política e todo o tipo de desinformação sobre as intenções chinesas. A política europeia para a China é confusa. Nessa política, a China é chamada de parceiro de cooperação, concorrente económico e rival sistémico.”