Nomeado em honra ao físico alemão Heinrich Hertz, o “Hertz” ou “Hz” é uma unidade de medida de frequência equivalente a um ciclo ou evento por segundo. Diversas coisas podem ser medidas em Hz, tais como frequências de áudio, frequências de rádio, frequências e velocidades de clock da CPU e, especialmente relevante para esta discussão, a taxa de atualização da tela, que representa quantas vezes por segundo a tela pode exibir uma nova imagem. Um hertz equivale a uma nova imagem por segundo.
Os primeiros telefones a apresentarem taxa de atualização de tela superior a 60 Hz, que era o padrão por muitos anos, foram o Razer Phone original e o Asus ROG Phone 2018, com telas de 120 Hz e 90 Hz para oferecer uma experiência de jogo mais suave, respectivamente. Até aquele momento, telas com alta taxa de atualização eram rigidamente associadas a jogos.
Porém, os fabricantes de telefone Android rapidamente perceberam que as telas de 90-120 Hz não são úteis apenas para jogos. Na verdade, elas eram a solução para um grande problema encontrado em dispositivos Android ao serem comparados com iPhones. Um ano mais tarde, o OnePlus 7 Pro se tornou o primeiro telefone convencional a apresentar uma tela de 90 Hz.
O OnePlus 7 Pro foi elogiado merecidamente por atingir um nível de suavidade nunca antes visto no Android, abrindo assim as comportas para telas de alta taxa de atualização.Tanto a Samsung quanto o Google seguiram essa tendência com o Galaxy S20 (120 Hz) e Pixel 5 (90 Hz) em 2020, juntamente com Huawei, Xiaomi e outros modelos topo de linha OnePlus em aderir à tendência da alta taxa de atualização no mesmo ano, com exceção de um fabricante de telefone – a Apple.
Em 2024, a Apple ainda se recusa a adicionar uma tela com alta taxa de atualização a todos os iPhones, o que levanta a questão: por quê? E isso realmente representa a maior desvantagem do iPhone em 2024? Os usuários do iPhone realmente se importam?
A resposta para essas perguntas pode estar relacionada ao fato de que a Apple atrasa o lançamento de sua “tela ProMotion” (como é chamado o recurso de alta taxa de atualização para marketing) o máximo possível. Os iPhones com alta taxa de atualização proporcionam interações mais suaves com o telefone. Por exemplo, há rumores de que o iPhone 16 não receberá uma tela de 120 Hz – cinco anos depois de as telas de alta taxa de atualização terem se popularizado e três anos depois que o primeiro iPhone (o 13 Pro) com tela de 120 Hz foi lançado. Espera-se que o iPhone 16 seja lançado em 2025 e terá uma tela de 60 Hz, ao contrário de seus concorrentes, como o Galaxy S24, Galaxy S25, Pixel 8 e Pixel 9, que terão telas de 90 Hz e 120 Hz.
Esta é a única razão pela qual a Apple consegue sair incólume de seu “crime” de entregar telas de 60 Hz nos iPhones 15 e 16. A marca da maçã leva adiante telas de 60 Hz, mesmo que aparelhos econômicos na faixa de preço de US$ 200-400 venham com a mesma tecnologia de exibição encontrada em um iPhone 15 de US$ 1.200. Não é uma questão de redução de custos para a Apple, então, o que seria?
Uma explicação para essa decisão da Apple pode estar relacionada ao fato de que apenas os iPhones Pro recebem o ProMotion, pois a empresa acredita que os usuários de iPhone Pro atualizarão para iPhones Pro. Há uma noção de que as pessoas que já possuem um modelo de iPhone Pro tendem a permanecer na faixa “Pro” e atualizar para outro iPhone “Pro” no futuro, em vez de “fazer downgrade” para um iPhone básico.
Um outro ponto a ser considerado é que, apesar de as telas de 60 Hz em iPhones nunca parecerem “lentas”, o mesmo não pode ser dito sobre os telefones Android. A tendência de atualização do sistema operacional Android aliada a telas de 60 Hz faz com que os dispositivos Android se beneficiem mais de uma tela com alta taxa de atualização do que o iPhone. No caso dos modelos de iPhone que virão a ter telas de 60 Hz em vez de 120 Hz, a Apple ainda manteria uma posição de destaque em relação a outros smartphones de 60 Hz.
A resposta para quando todos os modelos de iPhone receberão a tela ProMotion pode ser apenas em 2026, com o lançamento do iPhone 17. De forma irônica, a Apple lançou as telas com alta taxa de atualização em 2017, com o ProMotion estreando no iPad Pro antes de ser incorporado ao iPhone. Isso mostra como as decisões de incorporar novas tecnologias podem levar tempo e requerem uma análise cuidadosa.
Embora a presença de telas de alta taxa de atualização faça diferença, os dispositivos Android parecem se beneficiar mais dessa tecnologia em comparação aos iPhones, que mantém uma fluidez mesmo com telas de 60 Hz. Para encerrar, é interessante considerar que usuários do iPhone que já tiveram um modelo Pro podem estar mais propensos a atualizar para outro modelo Pro, ao passo que usuários de modelos mais básicos não sentiriam falta do ProMotion, uma vez que nunca tiveram acesso a essa funcionalidade.